|
Narjara Mendes Garcia & Maria Ângela Mattar Yunes / Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, RS.
O presente trabalho apresenta um estudo sobre as estratégias de enfrentamento das adversidades que emergem nas histórias de vida de famílias monoparentais e de baixa renda. Tomou-se como base a noção vigente de resiliência aplicada à Psicologia, que se refere aos processos de superação de adversidades, presentes na dinâmica das famílias e de outros grupos e indivíduos. Tais processos possibilitam que as conseqüências do sofrimento sejam minimizadas no desenvolvimento do grupo e/ ou transformadas em aprendizado para uma vida mais saudável. Para a realização desta pesquisa foram entrevistadas quatro famílias monoparentais. As estratégias metodológicas foram: entrevistas semi-estruturadas, histórias de vida, entrevista reflexiva e a análise dos dados através da grounded-theory. Os resultados revelaram diferentes situações que constituíram (ou ainda constituem) riscos à convivência familiar, como o alcoolismo e a violência nas relações, perdas materiais e afetivas, infidelidade, privação financeira e sócio-cultural. Alguns destes processos estão associados ao período da vida em família que antecede a condição de monoparentalidade nas histórias dos participantes do estudo. A partir da constatação destas situações de risco relatadas nas histórias de vida das famílias estudadas, pode-se identificar alguns indicadores de superação das dificuldades, como a valorização do estudo e trabalho, olhar positivo ou perspectiva de um futuro melhor, reivindicação dos direitos, mobilização da família extensa ou de outras pessoas significativas como apoio afetivo e financeiro, união dos membros da família. Tais fatores se apresentam como "proteção" diante das adversidades. Os resultados sinalizam que nas histórias de vida destas mulheres que atualmente são chefes de família a situação de monoparentalidade apresentou-se como evento-chave para uma melhoria na qualidade de vida relacional das famílias. Tal melhoria é proporcionada pela ausência de violência nas relações, reaproximação e ajuda de outros familiares e da melhora na situação financeira. No entanto, cabe destacar que tais processos e a busca de soluções favoráveis ao desenvolvimento saudável do grupo familiar ocorrem diferentemente nas dinâmicas das histórias de vida das famílias investigadas e não podem ser considerados a priori categorias determinantes de resiliência. A resiliência envolve processos dinâmicos e relativos e depende das situações e condições de vida do grupo familiar, das características das pessoas que experenciam tais situações e das percepções, reflexões e soluções positivas encontradas por estas pessoas diante das situações de risco.
Palabras Claves: rede de apoio social; inserção familiar; resiliência em família; família; Palabras Claves: resiliência em família; família; populações de risco
Tipo de presentación: Comunicaciones libres
Email: yunes@vetorial.net
|
|