Maria Ângela Mattar Yunes, Queila Almeida Vasconcelos, Raquel Medeiros de Moraes & Narjara Fernandes Garcia - Brasil / Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, RS.

A retirada de crianças e adolescentes do convívio familiar e conseqüente institucionalização pode ocorrer por diversas razões. Algumas crianças permanecem na instituição de abrigo por um tempo muito longo, embora haja condições de retorno para casa após um pequeno período de internação. Segundo a teoria bioecológica de Urie Bronfenbrenner quando uma pessoa passa de um microssistema para outro, ocorre uma transição ecológica. Estes movimentos de transição da casa para o abrigo institucional e do abrigo para a família trazem implicações e complicações, pois envolvem a dinâmica de vários segmentos sociais. Após um tempo na instituição, as crianças e adolescentes formam hábitos necessários para sua adaptação às peculiaridades do ambiente institucional, que em geral apresentam maior qualidade de recursos materiais do que suas casas. Portanto, ao retornarem para as famílias, as crianças institucionalizadas enfrentam outras dificuldades no reajuste às condições de pobreza, o que requer a atuação de uma rede de apoio social eficiente para fortalecer o grupo familiar e facilitar o processo de reinserção. Para conhecer e analisar esta rede no extremo sul do Brasil, foi realizado um estudo de acompanhamento do processo de reinserção no ambiente familiar de duas crianças de diferentes abrigos do município de Rio Grande. Utilizou-se a Inserção Ecológica como metodologia de pesquisa, pois esta estratégia possibilita focar o indivíduo e o seu desenvolvimento-em-contexto, bem como, suas características pessoais, processos de interação e o tempo. Os resultados indicam que por ocasião das transições ecológicas, tanto as crianças como as suas famílias, sofrem uma espécie de “abandono social”, já que suas necessidades e suas histórias de vida são pouco reconhecidas pelos profissionais que atuam na rede de atendimento à infância e adolescência. Isso ocorre tanto na retirada da criança quanto no seu retorno. Os familiares não recebem esclarecimentos sobre os motivos da retirada das crianças do convívio familiar ou sobre a situação legal da guarda dos filhos. As famílias estudadas denotaram que apesar das inúmeras situações adversas que permeiam o processo de reaver a guarda da criança e do descrédito dos profissionais da rede de apoio nas suas possibilidades de resiliência, são capazes de enfrentar as dificuldades. É preciso formar profissionais sociais que possam atuar com mais humanidade nestas situações de extrema vulnerabilidade dos grupos familiares. Uma rede de apoio social e afetivo deve oferecer apoio real e buscar ser uma fonte de suporte psicoeducacional para facilitar a reorganização e o bem estar das famílias em seus espaços de origem.

Palabras Claves: rede de apoio social; inserção familiar; resiliência em família; família; Palabras Claves: resiliência em família; família; populações de risco.
Tipo de presentación: Comunicaciones libres
Email: yunes@vetorial.net